sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Omnibus

517. 20h40min, 20 e algumas pessoas... Números, números, números. E uma vontade imensa de palavras! Nenhumazinha pequenininha sequer escapa de tantas bocas! God, this can't be real!

Eu preciso de letras! Preciso de fonemas, quaisquer míseros, mínimos, whatever! Ok, tenho uma idéia: música, música, músicaaaa! Pego meu MP4 player e coloco nas minhas 400 e muitas músicas. Que bom ter 2GB de memória! Que bom ter ouvidos!!!

Um ponto aqui, menos duas pessoas ali... Mais quatro ou cinco na outra parada. E meu mUderno uóquimein seleciona pra mim a primeira música. Eu adoro surpresas então claro que a seleção é randômica. Me toca logo um "ahh, look at all the lonely people". Of course que eu já tava olhando! [/modeaindomada] Putz, meu... Por que eu sou tão sensível? Por que eu já olho pra uma pessoa e tento enxergar sua alma? Será que sei ler pessoas? Melhor: será que elas são assim, lidas?

Eu tinha acabado de sair de uma aula em que a professora relatou estudos apresentados em um congresso em Memphis (que chique!), e tudo que ela havia comentado sobre gestos, expressões faciais me vieram à mente. Eu queria, mais que nunca, interpretar todo mundo ali.

Vários olhavam seu relógios... Alguns ouviam música no celular (com fone e sem nem ao menos cantar junto! que triste!) e alguns outros olhavam pra fora do ônibus. Eu estava fazendo exatamente o contrário de todos! Só quem eu não observava era o cobrador, que ficava atrás de mim (sem piadinhas!). Aliás, ele, nos seus "boa noite, senhor", "boa noite, senhora", já devia ser craque em ler pessoas. Deve trabalhar escondido sob o seu uniforme como leitor humano, ah, esse aí é profissional. E pensar que quando eu era adolescente (a long, long time ago) tinha a maior quedinha por profissionais uniformizados, principalmente os de ônibus (ok, confessei!).

Mas deixando de lado recordações, o caso é que várias músicas tocaram e percorreram minha mente, e várias faces e movimentos dos passageiros me trouxeram mais pensamentos ainda. Nossa, eu que queria palavras já tinha inúmeras! Tantas que eu já estava confusa.

A senhora olhando no relógio está séria por que é uma pessoa sozinha ou está somente lembrando da sua noite romântica com o marido, depois de tanto tempo casados?
A adolescente vindo da escola ouve uma melodia triste no seu aparelhinho tocador de músicas ou está ouvindo um funk (argh, sem preconceitos) pra relaxar e pensar mais um pouco em sua apresentação da escola que vale a nota total do bimestre?
Meu Deus, e aquele rapaz que não para de olhar pra fora? É um homem triste por não ter encontrado o seu grande amor, ou um tarado escolhendo uma vítima em evidência pra imediatamente saltar do ônibus e persegui-la?

4 palavras pra isso: How can I know? Não tem como! Podemos arriscar, criar mil filosofias e teorias, mas o ser humano é intenso! Um sorriso é tido como bom, mas pode ser sarcasmo puro! E às vezes até mesmo para uma pessoa especializada no ser humano fica difícil interpretar!

Should I give up? I don't think so. I love challenges, e enquanto o ser humano for ser humano, vou continuar tentando entendê-los. That's my goal in life. I won't give up.

Maybe, who knows?, I'll find out I'm one of the lonely people.







quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Smooth operator

Hoje passei por alguns 20 ou 30 minutos bem reveladores. Houve um mal-entendido com a minha operadora de celular e eu precisava verificar o que estava acontecendo.

Atendente virtual pra lá, "não entendi" pra cá, digita aqui, fala ali, confirma acolá (uau, primeira vez que uso essa palavra!)... E só nessa brincadeira uns 4 ou 5 minutos se passaram.

A primeira pessoa me atendeu, e, claro, não era com ela que eu deveria falar! Musiquinha vai, musiquinha vem... E eu morrendo de tédio! E de raiva, confesso! Como aquilo poderia tirar meu momento de lazer? Por que eu tinha que ligar pra lá e cobrar algo que era meu por direito?

Depois de 5 minutos contados (e quase cantados, mas a música não tinha letra), uma segunda pessoa me atendeu. Tive que explicar novamente, e a minha segunda explicação foi um pouco mais seca, um pouco mais cruel. Eu não ri, não brinquei, não fui simpática. Muito pelo contrário: eu só pensei em mim e na minha face salva por estar tão protegida assim, numa ligação com uma pessoa que nem conhecia e que nunca tinha falado comigo.

E era essa atendente que iria resolver meu problema? Claro que não. Ela, secamente, disse que iria transferir minha ligação. E assim o fez.

Mais uns 2 minutos com a musiquinha, eu refleti sobre como tinha falado. Isso resolveria alguma coisa? Eu falaria assim com as atendentes se estivéssemos tendo essa conversa pessoalmente? E mais: elas se sentiriam bem depois de terem falado comigo?

Eu dei uma chance às minhas palavras. Elas tinham que sair de mim bonitamente. Poderia até não ser formal, ou até com usos de palavras inventadas ou sufixos mal colocados, sem preocupação com hífen, etc. Mas elas tinham que ter motivo e função.

Eu resolvi ser simpática. Nem sempre eu consigo, e às vezes eu acho que vai soar feio, não sei... Minhas irmãs sempre conseguem isso: a mais velha, fala tudo tão docemente, e a mais nova encanta o ouvinte com suas gracinhas. Mas eu? Eu sempre tão tímida, tão reservada... Até pra ser simpática é uma ousadia!

Resolvi ousar. Eu perguntei à atendente de telemarketing como ela estava! E a voz dela mudou. Falei calmamente, sem colocar culpa em ninguém, só expondo de uma forma tranquila o que tinha se passado comigo. Prontamente, ela me pediu pra esperar na ligação, pois ela estaria falando com uma outra pessoa. Sim, ela falaria e voltaria comigo, pra me atender. "Ok, sem problema". Acho que menos de 2 minutos depois ela retornou, agradeceu pela espera (acho que é protocolo de lá), e falou com uma delicadeza que certamente não estava escrita em nenhum protocolo.

Eu falei com a Juliana, que muito provavelmente só hoje já tinha atendido inúmeras pessoas que não a trataram com o devido respeito ou com alguma cortesia. Essa mesma Juliana deve ter uma família, deve passar por momentos bons e ruins em seu trabalho e já deve ter se estressado muito lá. Ela não pode escolher com quem falar nos seus dias de TPM. E hoje ela foi minha cobaia.

Fico feliz apenas por não ter sido uma das pessoas que falaram coisas ruins pra ela. Fico feliz apenas por ter usado minhas palavras de uma forma que agora estou orgulhosa, mesmo sendo algo aparentemente tão simples. Mas valeu muito pra mim.

No need to ask. She's a smooth operator.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Beauty of uncertainty

Números. Letras. Notas. Não as monetárias: as musicais. Esta é minha vida.

Esta é minha vida? O que é vida? E como posso chamá-la de minha?

Eu conto. Eu conto! Eu canto. Eu resgato o pronome e eu redefino-o. Eu, eu, eu.

Será que posso fazer isso? Será que devo? Será que vale a pena?

Well, it doesn't matter (leia com sotaque britânico, please). I'm not here for the answers. I'd rather ask.