quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Smooth operator

Hoje passei por alguns 20 ou 30 minutos bem reveladores. Houve um mal-entendido com a minha operadora de celular e eu precisava verificar o que estava acontecendo.

Atendente virtual pra lá, "não entendi" pra cá, digita aqui, fala ali, confirma acolá (uau, primeira vez que uso essa palavra!)... E só nessa brincadeira uns 4 ou 5 minutos se passaram.

A primeira pessoa me atendeu, e, claro, não era com ela que eu deveria falar! Musiquinha vai, musiquinha vem... E eu morrendo de tédio! E de raiva, confesso! Como aquilo poderia tirar meu momento de lazer? Por que eu tinha que ligar pra lá e cobrar algo que era meu por direito?

Depois de 5 minutos contados (e quase cantados, mas a música não tinha letra), uma segunda pessoa me atendeu. Tive que explicar novamente, e a minha segunda explicação foi um pouco mais seca, um pouco mais cruel. Eu não ri, não brinquei, não fui simpática. Muito pelo contrário: eu só pensei em mim e na minha face salva por estar tão protegida assim, numa ligação com uma pessoa que nem conhecia e que nunca tinha falado comigo.

E era essa atendente que iria resolver meu problema? Claro que não. Ela, secamente, disse que iria transferir minha ligação. E assim o fez.

Mais uns 2 minutos com a musiquinha, eu refleti sobre como tinha falado. Isso resolveria alguma coisa? Eu falaria assim com as atendentes se estivéssemos tendo essa conversa pessoalmente? E mais: elas se sentiriam bem depois de terem falado comigo?

Eu dei uma chance às minhas palavras. Elas tinham que sair de mim bonitamente. Poderia até não ser formal, ou até com usos de palavras inventadas ou sufixos mal colocados, sem preocupação com hífen, etc. Mas elas tinham que ter motivo e função.

Eu resolvi ser simpática. Nem sempre eu consigo, e às vezes eu acho que vai soar feio, não sei... Minhas irmãs sempre conseguem isso: a mais velha, fala tudo tão docemente, e a mais nova encanta o ouvinte com suas gracinhas. Mas eu? Eu sempre tão tímida, tão reservada... Até pra ser simpática é uma ousadia!

Resolvi ousar. Eu perguntei à atendente de telemarketing como ela estava! E a voz dela mudou. Falei calmamente, sem colocar culpa em ninguém, só expondo de uma forma tranquila o que tinha se passado comigo. Prontamente, ela me pediu pra esperar na ligação, pois ela estaria falando com uma outra pessoa. Sim, ela falaria e voltaria comigo, pra me atender. "Ok, sem problema". Acho que menos de 2 minutos depois ela retornou, agradeceu pela espera (acho que é protocolo de lá), e falou com uma delicadeza que certamente não estava escrita em nenhum protocolo.

Eu falei com a Juliana, que muito provavelmente só hoje já tinha atendido inúmeras pessoas que não a trataram com o devido respeito ou com alguma cortesia. Essa mesma Juliana deve ter uma família, deve passar por momentos bons e ruins em seu trabalho e já deve ter se estressado muito lá. Ela não pode escolher com quem falar nos seus dias de TPM. E hoje ela foi minha cobaia.

Fico feliz apenas por não ter sido uma das pessoas que falaram coisas ruins pra ela. Fico feliz apenas por ter usado minhas palavras de uma forma que agora estou orgulhosa, mesmo sendo algo aparentemente tão simples. Mas valeu muito pra mim.

No need to ask. She's a smooth operator.

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